O pé torto congênito (PTC) é uma deformidade que afeta o desenvolvimento normal dos pés do bebê ainda no útero. Caracteriza-se pelo desvio da posição normal do pé, tornando-o virado para dentro e para baixo. Essa condição pode afetar um ou ambos os pés e, se não tratada adequadamente, pode levar a dificuldades na marcha e no desenvolvimento motor da criança.
Quando a Cirurgia é Necessária?
O tratamento padrão para o pé torto congênito é o método de Ponseti, um protocolo não cirúrgico que consiste em manipulações suaves e imobilizações com gessos seriados, seguidos do uso de órteses para manter a correção. A maioria dos casos responde bem a esse tratamento, evitando a necessidade de cirurgia. No entanto, em algumas situações, a intervenção cirúrgica se torna necessária:
- Falha do Tratamento Conservador: Se o pé não responde adequadamente ao método de Ponseti, com recidivas graves ou rigidez persistente, a cirurgia pode ser recomendada.
- Casos Graves ou Atípicos: Algumas variantes do pé torto congênito, como os casos neuromusculares ou sindrômicos, podem exigir correção cirúrgica desde o início.
- Pé Rígido e Deformidade Persistente: Quando a deformidade não é corrigida completamente com os gessos e órteses, a cirurgia se torna uma opção.
Como Funciona a Cirurgia para Pé Torto Congênito?
A cirurgia para correção do pé torto pode variar em extensão, dependendo da gravidade da deformidade e das estruturas envolvidas. Em geral, as cirurgias mais comuns incluem:
Tenotomia do Tendão de Aquiles
Muitos bebês tratados com o método de Ponseti necessitam de uma pequena intervenção chamada tenotomia do tendão de Aquiles. Esse procedimento minimamente invasivo consiste no corte parcial do tendão para permitir a dorsiflexão adequada do pé. É realizado sob anestesia local e geralmente não requer internação prolongada.
Liberação Cirúrgica Extensa
Em casos mais graves, pode ser necessária uma cirurgia mais abrangente, envolvendo a liberação de tecidos moles (tendões e cápsulas articulares) para reposicionar os ossos corretamente. Esse procedimento é feito sob anestesia geral e pode exigir um período de imobilização com gesso pós-operatório.
Transferência Tendínea
Nos casos em que a musculatura do pé não consegue manter a posição corrigida, pode ser indicada a transferência de tendões. O tendão tibial anterior, por exemplo, pode ser reposicionado para ajudar na estabilidade do pé.
Osteotomias e Fixação Óssea
Em crianças maiores ou em casos recorrentes, procedimentos ósseos podem ser necessários. A osteotomia consiste no corte e reposicionamento dos ossos para melhorar o alinhamento do pé. Em algumas situações, pinos ou fixadores externos são usados para manter a posição correta durante a cicatrização.
Recuperação Pós-Cirúrgica
A recuperação varia conforme o tipo de procedimento realizado. No caso da tenotomia, o bebê pode usar gesso por algumas semanas antes de iniciar o uso da órtese. Já cirurgias mais complexas exigem um período maior de imobilização e acompanhamento fisioterapêutico para reabilitação.
O sucesso do tratamento depende do seguimento rigoroso das recomendações médicas, incluindo o uso contínuo da órtese conforme indicado pelo ortopedista pediátrico. A adesão dos pais ao tratamento é essencial para evitar recidivas.
A cirurgia para correção do pé torto congênito é indicada apenas em casos específicos, quando o tratamento conservador não é suficiente para corrigir a deformidade. Com os avanços da ortopedia pediátrica, a maioria das crianças pode ser tratada com sucesso sem a necessidade de cirurgia invasiva. No entanto, quando a intervenção cirúrgica é necessária, os procedimentos disponíveis oferecem ótimos resultados na melhora da função e mobilidade dos pacientes.
Se seu filho foi diagnosticado com pé torto congênito, consulte um ortopedista especializado para avaliar as melhores opções de tratamento. O acompanhamento precoce faz toda a diferença para garantir uma vida ativa e sem limitações!